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UM PAÍS CHAMADO PARÁ
São Paulo reúne 23 fotógrafos paraenses em exposição multimídia

A primeira imagem de Belém do Pará na história do Ocidente surgiu a partir do relato de viagem de exploradores espanhóis no início do século XVI. A expedição vinda de Quito, no Equador, avistou a nascente de um rio imenso, com aldeias gigantescas, habitadas por povos nativos. Agora, um panorama de imagens contemporâneas do Estado que tem hoje a capital conhecida como a “metrópole da Amazônia”, desembarca em São Paulo, na exposição “Um país chamado Pará”,  apresentada pelo Ministério da Cultura, Namazônia e o Instituto Cultural Vale, sob a chancela da Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet e a parceria da Panamericana Escola de Arte e Design.

 

A mostra tem como principal fio condutor o questionamento – e a subversão – aos suportes, às linguagens tradicionais e a seus desdobramentos ao longo das últimas três décadas.

 

Com imagens em suportes alternativos (foto-esculturas, vídeos e videomapping), produzidos pelos principais fotógrafos da cena paraense, a mostra traz um recorte de 30 anos do Estado a partir do olhar de 23 artistas. A exposição será inaugurada em 17 de outubro na Panamericana Escola de Arte e Design e seguirá em cartaz até 2 de dezembro, com uma intensa programação paralela com atividades gratuitas.  A iniciativa conta com curadoria de Rosely Nakagawa, projeto expográfico de Flávio Franzosi, projeto de acessibilidade de Sílvia Arruda e coordenação geral da gestora cultural Fatinha Silva. 

 

Integram a mostra os fotógrafos Alberto Bitar, Alexandre Sequeira, Betania Barbosa, Claudia Leão, Dirceu Maués, Elza Lima, Emídio Contente, Flavya Mutran, Guy Veloso, Ionaldo Rodrigues, Irene Almeida, Jorane Castro, Mariano Klautau Filho, Miguel Chikaoka, Orlando Maneschy, Octavio Cardoso, Patrick Pardini, Paula Sampaio, Rafael da Luz, Suely Nascimento, Wagner Almeida, Walda Marques e Yan Belém.

Reunir a fotografia paraense neste projeto proposto por Guy Veloso representa uma grande responsabilidade. Como apresentar essa produção que conseguiu se projetar internacionalmente mesmo em uma cidade fora do “eixo cultural” Rio–São Paulo? Questiona Rosely Nakagawa. “Vinte anos depois, percebo que o Brasil, como todos os fotógrafos e os profissionais envolvidos, como eu, se transformaram. Hoje, mais do que fotógrafos, são artistas, profissionais em suas áreas e reconhecidos no Brasil e fora dele”, responde a curadora da mostra.

“Um país chamado Pará” busca ressaltar a singularidade, a expressividade, as interrelações geracionais e a contribuição do Estado da região Norte à arte brasileira a partir da pesquisa de processos de criação. Com recorte temporal específico (dos anos 90 aos dias de hoje), a mostra tem como principal fio condutor o questionamento – e a subversão – aos suportes, às linguagens  tradicionais  e a seus desdobramentos ao longo das últimas três décadas. Por meio da união de duas gerações de fotógrafos, entre reconhecidos e novos talentos, tem-se como resultado a mostra inédita, que se compõe de obras desenvolvidas de maneira muito característica no Pará.

Como a fotografia representa importante campo de trocas sociais e artísticas, a exposição engloba a difusão e a produção de conhecimentos, o compartilhamento de saberes, a formação de público e o intercâmbio entre as regiões, de forma a dar visibilidade à produção brasileira, e, especificamente, do Pará, desde os anos 1970. “No cenário cultural, nossa fotografia atua como um núcleo de referência para o desenvolvimento de uma linguagem fotográfica na região amazônica, por incentivar e promover o trabalho coletivo organizado na prática da ideia-ação-reflexão, aprimorando e multiplicando oportunidades de acesso ao exercício de fazer e pensar tal arte, sempre em sintonia com as questões sociais e culturais emergentes”, comenta Nakagawa.

Rosely aponta que o Pará é um dos maiores e vibrantes expoentes do panorama da fotografia brasileira. O movimento fotográfico do Estado se solidificou nas últimas três décadas, por meio de livros, críticas, publicações, prêmios e presenças de artistas em exposições nacionais e internacionais – a exemplo, das bienais de São Paulo e Veneza. “Nosso projeto, vem, então, ao encontro da busca de mais espaços de discussão para os que fazem, pensam e pesquisam fotografia; especialmente, a paraense”, completa. 

De acordo com Alex Lipszyc, Diretor Geral da Panamericana Escola de Arte e Design,” a exposição, além de contar a importância que a Região Norte traz à arte do nosso país, também apresenta obras de 23 fotógrafos com seus respectivos olhares criativos.  Em São Paulo a mostra “Um país chamado Pará” só poderia acontecer numa rua chamada Pará, onde se encontra a escola, que é na confluência com a av. Angélica e Rua Pará”. 

 

Belém e os fotógrafos, segundo Rosely Nakagawa

Conforme destaca Rosely Nakagawa, Belém é, hoje, uma capital que abriga centros culturais e museus, além de uma galeria especializada em fotos, a Kamara_Kó, de Makiko Akao. Cidade visitada, desde os anos 1980, por curadores de arte nacionais e internacionais, também é considerada o maior polo de fotografia do país, além de referência nas artes visuais. “A cidade abriga um número razoavelmente pequeno de fotógrafos, em comparação a outras capitais do Sudeste, mas todos de grande projeção nacional, como aqueles que apresentamos nesta exposição”, explica.

 

A possibilidade de reunir a fotografia paraense neste projeto representa, segundo Rosely, uma grande responsabilidade. “Elza Lima, Guy Veloso, Paula Sampaio e Walda Marques ultrapassam, hoje, as fronteiras da região Norte, sem sair do lugar de origem para produzir sua obra. Registram o povo paraense e a cultura amazônica, em toda sua diversidade e riqueza, e consolidam, com suas obras, o melhor da fotografia, em encontros, publicações, prêmios, mostras nacionais e internacionais”.

Para além da criação visual, Mariano Klautau Filho e Orlando Maneschy, artistas e curadores, abrem espaço à difusão do pensamento crítico em torno da arte contemporânea. “Essas realizações terminam por impactar sua produção autoral e a dos colegas, com a produção de textos e exposições coletivas, nas quais a criação artística paraense é o foco”, afirma Rosely, ao lembrar, por sua vez, que Claudia Leão e Flavya Mutran aprofundam-se em pesquisas à procura de novos suportes e significados, de forma a estruturar suas obras em técnicas experimentais, criar objetos e orientar outros artistas em formações acadêmicas.

Já Octavio Cardoso e Patrick Pardini constroem seus trabalhos por meio da contínua busca de uma documentação poética da Amazônia, ao entender “o território como lugar de ação e transformação da cultura”. Assim como Jorane Castro, cineasta, que, segundo a curadora, “construiu seu roteiro imagético convivendo, estreitamente, desde sempre, com este grupo de artistas, apresentando o cenário de uma região pouco difundida no cinema brasileiro”. 

Também Alberto Bitar, Dirceu Maués e Miguel Chikaoka seguem a ampliar os limites e conceitos de imagem, para além da fotografia plana e analógica. “Bitar, no sequenciamento imagens em novos suportes, põe trilhas sonoras como compasso de leitura. Dirceu Maués, ao desenhar e criar anteparos que recriam a câmera como instrumento de ver, as transforma em objetos escultóricos e plásticos. Chikaoka expande o questionamento da percepção para discutir ‘a imagem’, mesmo sem aparato algum para produzi-la. Ele se dedica ao ‘ver’ e ao ‘ser’, como um monge. E me perturba, intensamente, quando apresenta o espinho de palmeira que perfura seu próprio olho. Tal imagem, na minha interpretação, passa a ser o símbolo do que a fotografia paraense pode querer e ser”, afirma Rosely.

Os fotógrafos paraenses têm protagonizado mudanças e desejos, ao transformar o cenário das artes visuais. E não apenas por documentarem a maior procissão do mundo, o Círio de Nazaré. Alexandre Sequeira desenvolveu seu projeto em torno da comunidade de Nazaré do Mocajuba, ao reconstituir a alma de seus moradores por meio de retratos. “Em lençóis, redes, cortinas, toalhas, os habitantes voltam a ocupar seus lugares, impressos nas próprias casas”, destaca a curadora. Juntos, Yan Belém e Rafael da Luz constroem, no espaço urbano contemporâneo, rico em memórias do passado, “seu discurso poético da desigualdade sem futuro”. 

Wagner Almeida e Irene Almeida, coincidentes apenas nos sobrenomes, questionam e percebem o mundo, ao usar a técnica da fotografia em mundos, ritmos e visões absoluta e radicalmente opostos. “A poesia das impressões feitas pela luz do sol da Irene, que resultam em delicados fotogramas de flores e folhas, chocam-se, radicalmente, aos rastros de violência dos corpos jogados nas ruas, por onde transita Wagner”, destaca Rosely Nakagawa.

A curadora também sublinha a forma como Suely Nascimento e Ionaldo Rodrigues questionam o espaço urbano e suas memórias. “Ela, para lembrar, se esconde em casa, ao som das emoções mais íntimas. Ele enfrenta o caos urbano, em público, para esquecer”. Com a mesma intimidade, Betania Barbosa compartilha o dia a dia dos habitantes do Marajó central, criadores de animais invasores que, depois de adultos, “estão prontos para serem derrubados nessa ilha de tesos”. 

Já Emidio Contente problematiza “a preservação do patrimônio natural e imaterial em imagens metafóricas, que resgatam o universo dos dois Goeldi, o naturalista do século XIX, criador do Museu de História Natural, e seu filho artista do século XX, que grava imagens da chuva urbana”. Tudo isso, destaca Rosely Nakagawa, “nos faz pensar: o que pode a imagem, em Belém?”.

 

ACESSIBILIDADE PARA TODOS OS PÚBLICOS

A exposição “Um país chamado Pará” possui acessibilidade para todos os públicos. Além das atividades paralelas contarem com intérprete de Libras, há mediação, com áudio-guia para descrição do espaço da exposição e das obras, tocado em MP3, com caixas de som ou fones de ouvido. Também haverá material impresso, em braile, com tinta ampliada e legendas das obras para pessoas de baixa visão ou cegas (que são 80% da população com deficiência). No que se refere à localização espacial do visitante na exposição, e para o público cego, também será oferecido um mapa tátil. A mostra de fotos contará com réplicas táteis, em relevo 2D, para toque. O material de divulgação trará aviso sobre a disponibilidade de intérprete de Libras e a acessibilidade do local, para atender ao público especial.  O projeto de acessibilidade foi desenvolvido por Sílvia Arruda.

 

Assessoria de Comunicação: Ateliê de Textos

Contato: atelie@ateliedetextos.com.br

PROGRAMAÇÃO

EXPOSIÇÃO "UM PAÍS CHAMADO PARÁ"

Panamericana Escola de Arte e Design

Av. Angélica, 1900 - Higienópolis, São Paulo/SP 

Abertura: 17.10.23 – 3ª.feira – 19h00 

Encerramento: 02.12.2023 

Visitação pública e gratuita

De 2ª a 6ª feira: das 9h00 às 20h. Sábados: das 9h00 às 12h00.

Telefone: (11) 3661-8511

VISITA GUIADA / EXPOSIÇÃO

com FLÁVIO FRANZOSI e ROSELY NAKAGAWA

 

19 de outubro de 2023 (5ª feira). 16h às 17h30

Após a abertura da exposição, o criador do projeto expográfico e a curadora do projeto farão junto ao publico presente, a apresentação os bastidores e detalhes do processo de criação da expografia, reflexões sobre as obras e sua integração dentro do conceito curatorial e expografico.

Inscrições aqui

PALESTRAS

 

Arte e fotografia no Pará 2010-2020 – Notas sobre a dissolução de territórios identitários com Mariano Klautau Filho

19.10.23 (5ª feira),17h30 às 19h

Duração: 01h30

Local: Panamericana Escola de Arte e Design

Sinopse

Até o início dos anos 2000, era possível identificar ou localizar períodos, gerações e poéticas na produção fotográfica, unidas por determinados laços de identidade. Com isso, pôde-se delimitar movimentos em torno de uma linguagem ou suporte mais conciso, que legitimava uma estética fotográfica produzida no Pará, como pretendeu o projeto “Fotografia Contemporânea Paraense – Panorama 80-90”, realizado em 2002. Passados 18 anos, como identificar, em períodos cronológicos e geracionais, uma produção que se expandiu, esgarçou-se e transbordou para fora da fotografia? A proposta é analisar, por meio de trabalhos específicos e aspectos poéticos, o paradoxo entre o impossível território identitário e a insistência de uma geografia poética amazônica e/ou paraense para a arte.

 

Sobre Mariano Klautau Filho

Artista, pesquisador em arte e fotografia e curador independente. Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP e doutor em Artes Visuais pela ECA/USP. Professor de Artes Visuais e do Programa de Pós-Graduação de Comunicacão, Linguagens e Cultura da Universidade da Amazônia. Curador do projeto “Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia”, realizado no Museu Casa das Onze Janelas e no Museu de Arte da UFPA desde 2010. Curador visitante e consultor de fotografia da Pinacoteca de São Paulo, nos anos de 2016 e 2017, quando realizou a mostra Antilogias: o fotográfico na Pinacoteca.

Belém: entre fronteiras e olhares na virada do século XIX com Michel Pinho

19.10.23 (5ª feira) às 19h às 20h30

Duração: 01h30

Local: Panamericana Escola de Arte e Design

Sinopse
Belém a partir do século XVIII ganhou a atenção de muitos viajantes que se aventuravam pela Amazônia, cronistas, literatos, cientistas e artistas. Mas somente no século XIX que a capital da província do Grão Pará ganhou contornos da imagem desenhada, pintada e fotografada. Os motivos dos registros são os mais variados, as suas gentes, os seus largos e logradouros, seus mercados e edificações. Quase nada escapou à lente destes produtores de imagens. Quase nada, pois ao lado da construção da belle époque estavam os trabalhadores, circulando, vendendo, posando, fazendo-se presentes na história da cidade. E como esse vasto repertório imagético que vamos dialogar com um país que se chama Pará.


Sobre Michel Pinho
Michel Pinho é um historiador, professor e gestor cultural que atuou como presidente da Fundação Cultural de Belém (Fumbel) entre 2020 e 2023. Formado em História pela UFPA e mestre em Comunicação, Cultura e Linguagens pela Unama, ele tem uma longa trajetória na educação e na promoção da cultura na capital paraense. Foi presidente da Fotoativa, uma associação sem fins lucrativos que desenvolve projetos de fotografia, arte e educação, de 2010 a 2016. Na Fumbel, ele coordenou ações de valorização da diversidade cultural, do patrimônio histórico e da participação popular.

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OFICINAS

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Informamos que as oficinas "Do poético ao prático: fotografia documental" com Guy Veloso e "Olhos de ver, mas com que olhos?" com Miguel Chikaoka, que seriam realizadas

em São Paulo, foram canceladas.

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